18 de jun. de 2013

  • 18/06 - Com adesão de 20.000, protesto em BH registra 3 prisões e 3 feridos


    Durante os confrontos com a Polícia Militar (PM), na tarde desta segunda-feira, um manifestante caiu do viaduto José Alencar, no entrocamento entre as avenidas Abraão Caram e Antônio Carlos, na Pampulha. Gustavo Magalhães Justino, de 18 anos, teria sido empurrado, segundo relatou ao pai, enquanto tentava fugir das bombas. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Risoleta Neves. O pai da vítima informou que o filho teve escoriações no rosto e suspeita de ter quebrado a bacia. “Ele está bem, consciente e disse que foi empurrado na hora da confusão. Está um pouco confuso com tudo o que ocorreu ainda, mas graças a Deus não é nada grave. Foi um susto muito grande quando fiquei sabendo”, contou Joel Antônio Justino, de 46 anos.

    De acordo com o balanço divulgado pela PM na noite desta segunda-feira (17), além de Gustavo, outros dois jovens ficaram feridos e foram levados para Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Venda Nova. Frederico Augusto Oliveira, de 20 anos, teve ferimentos leves enquanto participava da manifestação e Guilherme Eduardo Valério de Oliveira, de 22 anos, foi atingido por uma bala de borracha. Nenhum policial se feriu.

    No fim da tarde, a PM fechou o viaduto José Alencar e só liberou a passagem dos manifestantes por volta das 20h. O grupo seguiu para a praça Sete onde se juntou a outros milhares de manifestantes que tomam completamente o local, dificultando o trânsito.

    Durante a tarde, testemunhas usaram as redes sociais para informar a situação pela cidade. No seu perfil no Facebook, o cantor Makely Ka relatou momentos de horror. "Guerrilha urbana agora aqui na Pampulha em frente à UFMG. A PM está atirando deliberadamente de cima do viaduto José de Alencar sobre os manifestantes que estão no asfalto da avenida Antônio Carlos. Duas pessoas caíram de cima do viaduto. Não sei o estado delas. Ficamos encurralados entre a tropa de choque e a polícia montada. Confusão, correria, gritos de pânico, gás e bombas. Violência gratuita e despropositada", disse.

    Após cerca de cinco horas de protesto sem nenhum conflito entre manifestantes e PM, os confrontos começaram por volta de 17h, quando o bloqueio da PM em torno do Mineirão foi "furado" por alguns. Neste momento, os militares passaram a atirar bombas de gás lacrimogênio nas pessoas e usar balas de borracha para impedir que o cerco continuasse sendo ultrapassado.

    Os manifestantes reagiram à ação da polícia jogando pedras e colocando fogo  na avenida Antônio Carlos. Três labaredas de fogo se formaram no meio da avenida e a confusão a se instaurou imediatamente. Um repórter do jornal O TEMPO, que estava a serviço e filmava a ação da polícia através de um celular, teve o aparelho destruído pelo cacetete de um policial militar, o Major Jean Carlos, mesmo após se identificar como jornalista.

    Os conflitos continuaram na avenida Antônio Carlos. Após o uso de bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha pela PM, os manifestantes continuaram ateando fogo na rua, usando sacos de lixo, e chegaram a quebrar as portas de uma agência bancária localizada na avenida.

    Um grupo de manifestantes tentou ainda agredir a Comandante do Policiamento na capital, a coronel Cláudia Romualdo. No entanto, outro grupo de manifestantes se uniram ao redor da comandante e criou um cordão de isolamento para protegê-la dos manifestantes mais exaltados; ela foi levada para um quartel da PM que fica próximo à UFMG.

    Durante a confusão, uma pessoa foi presa e outras duas ficaram feridas. A Tropa de Choque e a Cavalaria da PM fecharam também a avenida Abrahão Caram, para impedir que os manifestantes continuassem seguindo em direção ao estádio.

    Quase pacífica

    Em Belo Horizonte, a manifestação por causa do preço da passagem, que sofreu diversos aumentos nos últimos anos contabilizou cerca de 20 mil manifestantes. A informação é do chefe da sala de imprensa da Polícia Militar (PM), major Gilmar Luciano. Segundo ele, o protesto, ocorria de forma pacífica. "Diferente da ação da polícia em outros estados, em Minas, há diálogo. Nós estamos no meio do povo, caminhando com eles e conversando e, até o momento, não tivemos problemas. É uma manifestação pacífica", conta. O relato do Major se deu antes do início do conflito entre manifestantes e PM.

    Depois de fecharem a praça Sete, na tarde desta segunda-feira (17), no centro da capital, os manifestantes seguiram pela Antônio Carlos até o Mineirão. Perto do estádio, houve ainda outros protestos.

    O cerco se fecha

    Cerca de 200 metros depois da igreja da Pampulha, na avenida Otacílio Negrão de Lima, sentido Mineirão, três ônibus da Tropa de Choque da Polícia Militar fizeram uma barreira para impedir a passagem dos manifestantes. A reportagem de O TEMPO avistou ainda carros do Exército nas proximidades do estádio. Entretanto, a PM não confirma que solicitou o apoio da corporação para evitar que os manifestantes chegassem até o Mineirão.

    Participante do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sindute) informaram que “querem dar visibilidade aos problemas do Brasil durante a Copa das Confederações”. Eles tentaram chegar até o Mineirão para entregar panfletos aos turistas, porém os manifestantes foram barrados pela PM. "A polícia nos parou antes do limite que poderíamos chegar, isso é uma arbitrariedade e vamos continuar aqui", disse Beatriz Cerqueira, presidente da Cut e coordenadora do Sindute.

    Em protesto, manifestantes picharam um ônibus da linha 9502, que seguia sentido centro, na altura do viaduto República do Congo. Em caneta, e não em spray, foram escritas frases como: “R$2,80 não” e “Passe livre”. Outros veículos também foram pichados, sem o uso do spray.

    Entre as motivações do protesto estão o valor da passagem de ônibus, gastos com a Copa da Confederação, reajuste salarial, dentre outras. Os manifestantes usam cartazes e faixas para demonstrar o descontentamento. Um deles diz "Copa para quem".

    Primeiro encontro

    O primeiro encontro dos manifestantes aconteceu no sábado (15), na praça da Estação. De maneira pacífica, cerca de 8.000 manifestantes gritavam palavras de ordem e convidavam as pessoas para sair às ruas. Nenhuma ocorrência foi registrada pela polícia no local e comandantes do policiamento e manifestantes chegaram a conversar de maneira descontraída. Enquanto parte do público comemorava o gol de Neymar, o primeiro do Brasil contra o Japão, os manifestantes erguiam seus cartazes. Um deles dizia: “Enquanto te roubam, você grita gol”.

    "Turista, em MG você não está seguro"

    Policiais civis usaram faixas para alertar turistas que estão na capital para assistir ao jogo entre Taiti e Nigéria, às 16h, no Mineirão, sobre a falta de segurança em Belo Horizonte.

    Em um dos cartazes, a categoria escreveu em inglês "Tourist, in Minas Gerais state we cannot ensure your safety! The police is scrapped!". Traduzindo quer dizer "Turista, em Minas Gerais nós não podemos garantir a sua segurança. A polícia está desmantelada".

    Em outra faixa, desta vez escrita em espanhol, os manifestantes alertam o governo para a falta de segurança "real e imediata".

    (O Tempo)

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